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Luta é substantivo feminino


A experiência feminina é permeada pela dualidade tensa entre o público e o privado, a casa e a rua. Mocinhas de outrora bordavam enxovais, na esperança de encontrar um homem que as tratasse bem e as tornasse rainhas de lares-prisões. A casa, esse lugar do afeto e do cuidado, mas também do trabalho incessante, da segurança dos muros que limitam sonhos, através dos quais os gritos da violência doméstica soam em ouvidos inertes.


O pessoal é político e tudo é político quando se é mulher. Fazer política como uma mulher é disputar espaço com os homens, mas também é se mover nas frestas do patriarcado, transformando os espaços que os homens relegam em locais de encontro e potência. É vestir o amor como bandeira e escudo.


O Coletivo Linhas do Mar é composto majoritariamente por mulheres aposentadas. Elas já viveram o mundo do trabalho e não será agora que voltarão para casa. Tecendo redes entre mulheres, resgatam o bordado de suas mães e avós, se recolocam no espaço público, utilizando materiais têxteis como suporte para seus discursos engajados. Dos pontos requintados das colchas de antigamente, emergem pontos certeiros, inconstantes e ousados, de quem experimenta e reinventa a técnica, colocando-a em diálogo com outras tantas referências. Imagens nunca antes bordadas, sonhos ousados e antigos.


Emaranhadas em muitas lutas, subversivas e persistentes, a cada delicado ponto aplicam a força de quem quer alcançar o outro e construir um novo mundo: os dias mulheres que virão.


Sara Sousa

Dra. em Antropologia pelo PPGA-UFF

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