



Transformar...
Esta exposição, em arte, conta, em parte, a história de Alice e, com certeza, pela sua beleza, irá nos maravilhar. Se a seguirmos entre mundos, ela nos transportará a um lugar mágico e fantástico, povoado de obras singulares aos diversos olhares...
Cada obra da artista pode ser vista como um caminho a ser percorrido, uma tentativa introspectiva de unir a memória sutil à matéria bruta... Em suas mãos, a madeira — base e berço —, para além de suporte, é também sobrevivência. Nascida de uma semente, a madeira é tanto obra quanto matéria-prima presente em sua arte e em seu ofício de marcenaria...
Entre técnicas, a marchetaria é revisitada e explorada, e, pela criatividade da artista — uma ativista da sustentabilidade —, as sobras de materiais permeiam suas obras como sinais de um mundo outrora arcaico, mas que, ressignificado, torna-se um mosaico de imensa sensibilidade... Alice nos traz esse transformar, esse inspirar, para um novo olhar, e nos oferece uma inusitada viagem por sua própria passagem. De um conto a outro conto, o que se manifesta é uma festa, ainda que tímida, vinda de uma vida de luta, a nos maravilhar de forma poética...
Alice está nas obras, como em sua vida: em transição de mundos, entre o real existencial e o das maravilhas. E, neste, a arte a escolheu, a acolheu, e por ela se enterneceu...
E, quando a arte acolhe uma artista, é natural que um espaço como o Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba, a seu tempo, como templo da arte, receba esta experiência de transformação — emoldurada como pinturas e esculturas em constante metamorfose.
A natureza de Alice é transformar, é maravilhar, é iluminar — como um sol em luz que, do nascente ao poente, conduz o mundo pelo seu compasso — ao passo que, na manhã do amanhã, um novo ciclo se recomeça, se dobra em uma nova peça, em uma nova obra, de uma sempre querida: Alice.
Z. José de Barros
Inverno de 2025